Yoga

Fotógrafa: Florinda Wickbold

O que é o Yoga

Para começar, é preciso entender de onde vem essa palavra. Yoga é um termo sânscrito e o sânscrito é uma língua morta e ancestral da Índia. Yoga significa atar, reunir, ligar e juntar. 

Não existe uma data precisa e nem o nome exato do criador do yoga. As histórias são contadas em formato de contos e é muito difícil definir onde começa a realidade e onde termina a fantasia. Então, quando se trata de Yoga, o primeiro passo para o praticante é se desprender da necessidade da explicação racional e precisa.

Uma das obras mais importantes do yoga foi escrita por Patañjali, um grande sábio, que escreveu o Yoga Sūtras. Estima-se que ele tenha vivido entre os anos 200 a.C. e 400 d.C. Apesar de ser uma obra antiga, até hoje é estudada por milhares de pessoas no mundo todo, pois seus ensinamentos mostram-se tão atuais quanto na época em que foram escritos. 

Dentre as traduções, a definição de yoga pode ser compreendida como o recolhimento, cessação, restrição das atividades da mente. Podemos entender que o yoga é um estado e não apenas um método e ele pode ser alcançado por qualquer pessoa através de muita prática, estudo e dedicação. 

A meta do yoga é o samādhi e o caminho que Patañjali apresenta para alcançar este estado se divide em oito partes:

Alguns trechos abaixo foram retirados do livro Luz sobre o Yoga, B.K.S.Iyengar:

  1. Yama – são as disciplinas éticas: ahimsā (não violência), satya (verdade), asteya (não roubar), brahmacharya (continência) e aparigraha (não cobiçar). 
  2. Niyama – são as normas de conduta que se referem à disciplina individual: śaucha (limpeza), santoṣa (contentamento), tapas (ardor ou austeridade), svādhyāya (estudo das escrituras sagradas) e Īśvara pranidhāna (auto entrega).
  3. Āsana  – traz firmeza, saúde e leveza aos membros. Uma postura estável e agradável confere equilíbrio mental e evita a inconstância da mente. Com a prática a pessoa desenvolve agilidade, equilíbrio, resistência e grande vitalidade. Os āsanas se desenvolveram ao longo dos séculos de modo a exercitar cada músculo, nervo e glândula do corpo. Eles asseguram um físico harmonioso, forte e elástico, que não é restrito por uma musculatura excessiva, e mantém o corpo livre de doenças. Eles reduzem a fadiga e acalmam os nervos. Mas sua importância real reside na maneira como treinam e disciplinam a mente. 
  4. Prānāyāma – assim como a palavra yoga, a palavra prāna encerra numerosas acepções. Prāna significa fôlego, respiração, vida, vitalidade, vento, energia ou força. Āyāma significa expansão, alongamento ou retenção. Portanto, prānāyāma denota, ao mesmo tempo, a extensão e o controle da respiração. É o controle consciente e deliberado da respiração, substituindo padrões inconscientes. É possível somente após um domínio razoável da prática de āsana
  5. Pratyāhāra – domínio ou restrição dos sentidos. Ocorre quando a mente é capaz de permanecer na direção escolhida, e os sentidos, desconsiderando os diferentes objetos à sua volta, seguem fielmente a direção da mente. A mente então está preparada para o processo da meditação. 
  6. Dhāranā – quando o corpo foi temperado pelos āsanas, quando a mente foi refinada pelo fogo do prānāyāma e quando os sentidos foram dominados por pratyāhāra, o sādhaka (praticante) alcança o sexto estágio, chamado dhāranā. Aqui ele está totalmente concentrado em um único ponto ou tarefa, que o absorve completamente. É preciso pacificar a mente para atingir este estado de completa absorção. 
  7. Dhyāna – quando o fluxo da concentração é ininterrupto, ocorre o estado de dhyāna (meditação). 
  8. Samādhi – é o fim da busca do sādhaka. No ápice da meditação, ele entra no estado de samādhi, no qual o corpo e os sentidos estão em repouso, como se estivesse dormindo; as faculdades mentais e a razão estão alertas, como se ele estivesse desperto, embora ele esteja além da consciência. A pessoa no estado de samādhi está completamente consciente e alerta. Há uma paz que ultrapassa toda compreensão. A mente não pode encontrar palavras para descrever tal estado, e a língua não é capaz de pronunciá-las. O estado só pode ser expressado por um profundo silêncio. 

Este é o caminho apresentado por Patañjali e ele vem sendo seguido por milhares de praticantes no mundo inteiro. Cada estilo de yoga apresenta uma forma de seguir e interpretar estes ensinamentos, o que na minha opinião, só torna o yoga mais acessível e permite que pessoas de diversas crenças e culturas possam trilhar o caminho do autoconhecimento e da sabedoria.